NONO MANDAMENTO “Não cobiçarás a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo” (Ex 20,17).
E Jesus disse: “Todo aquele que olhar para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt 5,28). Cristo quer cortar o mal pela raiz porque o pecado nasce no pensamento.
São João distingue três espécies de cobiça ou concupiscência: a concupiscência da carne, a dos olhos e a soberba da vida.
O coração é a sede da personalidade moral: “É do coração que procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações” (MT 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do coração e a prática da temperança.
Aos “puros de coração” está prometido ver a Deus face a face e serem semelhantes a Ele. A pureza de coração é a condição prévia da visão. Desde já nos concede ver segundo Deus, receber o outro como um ‘próximo’; permite-nos perceber o corpo humano, o nosso e o do próximo, como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina.
Todo batizado deve lutar contra a concupiscência da carne e as tendências desordenadas das baixas paixões, que são fruto do pecado original. Com a graça de Deus, podemos e devemos alcançar a pureza do coração, pela virtude e pela castidade, pois ela permite amar com um coração reto. A vida de pureza se consegue vivendo o conselho de Jesus: “Vigiai e orai, pois o espírito é forte, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). Uma fuga “heróica” é a do pecado; pois “quem ama o perigo nele perecerá”. Sabemos que “a ocasião faz o ladrão”; logo, a prudência manda fugir do perigo.
Pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentimentos e da imaginação; pela recusa de toda complacência nos pensamentos impuros que tendem a desviar do caminho dos mandamentos divinos, pode-se cultivar uma vida de pureza e santidade. Isto exige fugir de toda ocasião de pecado.
A pureza exige o pudor: o vestir-se discretamente para que as outras pessoas não sejam levadas a pecar; o falar com prudência, etc.. O pudor preserva a intimidade da pessoa. É não mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado para a castidade, exprimindo sua delicadeza. O pudor é modéstia. Mantém o silêncio ou certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade que não faz bem.
A pureza do coração liberta a pessoa do erotismo tão difuso e afasta-a dos espetáculos que favorecem a ilusão.
A Boa Nova de Cristo restaura constantemente a vida e a cultura do homem decaído, combate e remove os erros e os males decorrentes da sempre ameaçadora sedução do pecado. Purifica e eleva incessantemente os costumes dos povos. Com as riquezas do alto ela fecunda, como que por dentro, as qualidades do espírito e os dotes de cada povo e de cada idade, fortifica-os, aperfeiçoa-os e restaura-os em Cristo.
O adultério começa no coração
Jesus diz: “Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Que quer dizer isso? Mais uma vez, o Senhor não está interessado apenas em atos, mas na mudança de coração. Diante disso, ficamos temerosos não somente em cometer adultério, mas até mesmo em ter um pensamento imoral ou certo desejo, certa cobiça, porque se algum ato desses acontecer, já pecamos e, então, temos um fardo a mais. Jesus quer nos mostrar que todo pecado começa no coração, tanto o homicídio como o adultério e a prostituição. Infelizmente, por não banirmos de imediato o que está no coração e permitirmos que se frutifique, os atos serão apenas consequências. Importa é o que temos no nosso coração...
Jesus quer purificar os nossos corações. Ele não nos condena pelas consequências do nosso passado, nem nos rejeita, mas quer nos curar. Dediquemo-nos, portanto, à nossa vida de oração, de busca, de penitência e de confissão.
Podemos, pela Graça de Deus, viver a sexualidade na pureza. O que não podemos fazer é ficar permanentemente temerosos de cometer pecados. A preocupação deve ser preservar o coração, porque é lá que se comete o pecado. O restante é mera perpetração do que já foi forjado no coração. Não permitamos que os nossos corações sejam estragados, sujos, enlameados. E, porque temos corações puros, podemos também viver a pureza nos olhares, pensamentos, desejos, e, consequentemente, em nossos atos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário